Fonte deste texto : exame.abril.com.br
Bruna disse que ficou intrigada, voltou no tempo e fez uma analise de toda a sua infância e adolescência. “Sempre fui cordial e educada no meu relacionamento escolar, conduzia muito bem as brincadeiras de rua com a vizinhança e nunca deixei de ter um jeito especial ao tratar os meus avós. Com essa nostálgica reflexão, pude perceber que a base dos valores foi-me dada. Pensei a respeito da minha educação profissional e constatei que a graduação e a especialização que cursei também não me desqualificam”, disse ela.
A jovem baseia-se no vídeo do filósofo e professor, Mário Sérgio Cortella, que explica que o jovem não é mal-escolarizado e sim mal-educado. O problema está na falta de noção de hierarquia dessa geração que buscou, até mesmo por incentivo dos pais, a qualificação profissional nas grandes metrópoles e perdeu o convívio com a família, além de não ter paciência para processos e desistir fácil das coisas.
Bruna questiona o que diz o filósofo e acha que os estudos não podem garantir que uma pessoa aja sempre com polidez. “Saber dizer ‘por favor’, ‘obrigado’ ou entender o momento de pedir desculpas não são suficientes para certificar a educação de uma pessoa e disso já sabemos”, comentou a jovem.
Ana Barbieri, publicitária e sócia da Consultoria CRO Comunicação e MKT, concorda com Bruna e diz que sempre existirão pessoas bem e mal-educadas, independente da geração a qual você pertence.
“Hoje, nos grandes centros urbanos, o que encontramos são cidadãos cada vez mais competitivos e preocupados com seus próprios egos, e a geração Y não foge a essa regra. Em vários momentos da história, os jovens foram conhecidos como os principais questionadores das normas estabelecidas. Fica aí uma pergunta: quem são os responsáveis por essa má educação? Concordo que os pais deveriam estar mais presentes, mas qual é o papel da escola? Não seria também educar, e não apenas no sentido acadêmico, mas também em relação a regras sociais?”, questiona Ana.
No entanto, os modelos educacionais atuais estão falindo, pois eram baseados na transferência de informações de forma estruturada e programada. Cada criança que entrava na escola recebia informações em doses homeopáticas e com o espírito educacional de crescimento orgânico. O mesmo acontecia nos lares, onde os pais mantinham o controle e estabeleciam a educação dos filhos a partir da liberação gradual de informações.
Evidentemente, nos dias atuais, onde o Google provê toda informação de forma caótica e desestruturada, mas absolutamente acessível, esse modelo não encontra mais cenário e os pais e os professores, assim como os gestores nas empresas, estão descobrindo que sua “autoridade” e “poder” estão sendo contestados, provocando a sensação de não saber como lidar com os jovens.
A educação já não é mais privilégio apenas da escola. Ela transpassa todos os lugares a partir dessa geração. Seja na escola, seja em casa ou no trabalho, agora todos os ambientes precisam estar integrados no papel de promover a educação. “Já está mais do que claro que é preciso juntar as gerações dentro das organizações e por isso a importância do respeito mútuo. Embora tenha faltado para alguns Y mais cobrança no cumprimento das regras, eles estão longe de serem ignorantes. São, de certa forma, grandes questionadores de normas estabelecidas”, concluiu Bruna.